puzzle - o que é viver?

 Naquela tarde mergulhei num mundo diferente.

Comecei com alguns minutos, sem conseguir acabar nenhuma das tarefas. Desisti.

No dia seguinte tentei outra vez e a minha atenção focou-se totalmente na tarefa. Tive algum sucesso, mas nenhum relevante. Procurei outras tarefas mais simples e consegui acabá-las. Mas, pela sua simplicidade, senti-me desmotivada e voltei ao puzzle inicial. Tive algum sucesso, agora que me focava totalmente na tarefa. E fiquei ali, a resolver puzzles, um atrás do outro, sem parar, mesmo quando os meus olhos ardiam e tinha dores nas costas. A vontade de fazer mais sobrepunha-se ao desconforto.

Na semana seguinte continuei a resolver puzzles e tornei-me bastante eficaz. Sentia-me totalmente focada na sua resolução e todos os aspetos da minha vida ficaram na sombra. Agora só queria fazer puzzles.

Fiquei amargurada por substituir tudo por puzzles, mas não me importava. 

Agora, que os resolvo com relativa facilidade, tento voltar à minha vida normal. Estabeleço o que devo fazer e acrescento outras atividades que não conseguia meter no meu cansativo quotidiano. Pondero o quanto estou cansada dele e desespero encontrar soluções.

Jogar fez-me abandonar rotinas e regressar às necessárias. No fundo, penso eu, apenas estava cansada do que fazia e jogar foi apenas uma forma de me afastar e poder olhar de outra forma para as situações que me estavam a esgotar. Ainda tenho muito que repôr... talvez ainda jogue de vez em quando. Ou não.

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